Quer entender uma Corretora de investimentos? Imagine uma Farmácia

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Uma questão que toda pessoa, independente de status ou nível social, se pergunta quando está começando a investir: investir no banco ou em uma corretora? Se corretora, em qual corretora investir? Na XP, na Clear, na Guide, na Órama, na Rico ou outra? São dezenas de opções. As pessoas confundem muito, e por isso deve-se tomar um certo cuidado.

Para início de conversa, a pergunta que todos fazem está errada em sua essência: em qual corretora que eu invisto? A pergunta aqui não é “em qual” ou “onde” invisto. Devemos pensar e utilizarmos a ideia de “através” de qual corretora devo investir. Já explico melhor. Parte desse problema é a grande proliferação de corretora e seus representantes (agentes autônomos) nos últimos anos. Essa proliferação tem diversas vantagens, mas também “prostituiu” alguns assuntos sérios.

Devemos imaginar a corretora como, por exemplo, um supermercado ou como uma farmácia. Suponha a compra de um simples feijão. Podemos comprar o feijão Tio Jorge, feijão Carioca Cristal, feijão Camil ou qualquer marca de feijão. Você vai ao supermercado e escolhe qual marca você quer. A mesma coisa você vai utilizar para o arroz, para o óleo, para o sabão em pó, etc. A corretora é isso, uma espécie de supermercado que tem vários tipos de produtos, e dentre esses tipos de produtos você tem marcas diferentes. No caso dos investimentos, o principal que você deve saber do produto caso ele seja um fundo, por exemplo, é quem é o administrador e o gestor dele (a marca do feijão).

A corretora não é o produto em si, é simplesmente um meio que está apenas distribuindo aqueles produtos. Não devemos pensar em qual corretora investir, mas sim, através de qual corretora podemos investir. Você não investe em uma corretora. Ok, há exceções. Uma exceção é se a empresa proprietária da corretora também tem uma gestora ou administradora, ou seja, tem produtos de sua própria marca. Outra exceção ainda mais incomum para você investir em uma corretora: se essa corretora já tiver capital aberto em Bolsa de Valores e você vai lá e investe nas ações dela.

Inclusive, no próprio banco, toda vez que você compra um produto específico (fundo de investimento, uma ação, um título) você estará investindo através da corretora do banco, porque o banco geralmente tem uma corretora também por trás. Lembre-se, banco é uma coisa, corretora é outra. Mas os bancos têm corretoras próprias. Então, por mais que você tenha uma conta no Santander e está comprando um fundo de investimento, você fez esse procedimento não através do Banco Santander, você fez através da corretora do Santander que está dentro do próprio Banco Santander.

Não há como você ter acesso direto a um produto específico no mercado aberto. Não podemos chegar no Banco Itaú, pedir para se reunir com os controladores e comprar uma ação dele. Você tem dois intermediários no meio do caminho: a corretora e a própria Bolsa de Valores (no caso de ação). Já no Tesouro Direto, você vai investir através do próprio Tesouro Direto dentro do Tesouro Nacional.

Qual é o problema da “prostituição” que tem sido feito por meio das próprias corretoras e seus representantes?

Os assessores e agentes autônomos recomendam as carteiras e investimentos. Se você não tem um bom nível de conhecimento, pode até fazer sentido seguir as orientações desses representantes, mas isso pode acarretar dois agravantes. Em outras palavras, na analogia da farmácia, você vai estar apenas seguindo a recomendação do farmacêutico, por exemplo.

O farmacêutico pode agir com a melhor das intenções para poder te ajudar e tratar a sua infecção. Respeitamos todos os profissionais da área, dependemos do seu trabalho, mas sabemos que alguns profissionais, como em toda profissão, cometem alguns deslizes por extrapolarem sua área de domínio do conhecimento. Muitas pessoas deixam de ir ao médico para seguir a recomendação do farmacêutico. Em uma situação ou outra, essa recomendação pode ser assertiva e até benéfica, no entanto, o paciente pode obter vários problemas de saúde em algum momento. A especialidade desse profissional é simplesmente entender o que é cada produto ali e te oferecer o que você pediu para ele.

Outra questão também importante é: vamos supor que você está no Supermercado “Vizinho Feliz” (corretora) e exista o feijão com a marca “Pão de Açúcar” (fundo de investimento). Além dele, existem os outros especializados em feijão, como Tio Jorge, Feijão Cristal, e Camil. A lógica é que a margem de lucro do “Vizinho Feliz” seja maior no seu próprio feijão, correto? Afinal, as outras marcas pagam apenas uma comissão para a distribuidora (corretora, supermercado ou farmácia). Ou então que seja maior na marca que ele possui maior comissão (rebate), e não no melhor feijão para você.

Então, toda corretora e todo banco vão tentar te empurrar o produto que pertence a ele mesmo ou que ele tenha melhor parceria. Às vezes o próprio agente que trabalha ali na ponta pode ser o seu melhor amigo de infância, extremamente bem intencionado, mas ele metas a serem batidas. Ou até nem sabe que está fazendo por esse motivo, porque possivelmente foi treinado dessa forma e acha que aquilo ali seja realmente a melhor opção. Ele não faz por má fé, mas sim intuitivamente.

O que eu quero deixar claro é que você não investe na corretora, e nem deveria seguir as orientações da própria corretora, ou do farmacêutico, a não ser que você realmente não tenha outra opção. Hoje, as corretoras estão cada vez mais abertas e com muitos produtos em cada uma, com taxas pequenas. A escolha da corretora certa tem feito cada vez menos diferença. O atendimento faz muita diferença, desde que ele esteja realmente disposto a atender as SUAS NECESSIDADES e não apenas ser cordial (atendendo as necessidades da corretora).

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