Peter Drucker é chamado por alguns de “pai da gestão moderna” e, de fato, tem alguns méritos nisso. Sempre questionou certos paradigmas da administração em sua época. Por exemplo, foi um dos primeiros a dizer que o cliente deve ser o foco de uma empresa, e não o produto. Hoje, décadas após, a experiência do usuário (UX) e o marketing centrado no cliente são muito falados. Outra notável e inovadora forma de pensar foi a frase que até hoje é pouco compreendida (e menos ainda utilizada na prática): “A cultura devora a estratégia no café da manhã”.
Como você constrói a estratégia de um negócio? Back to basics. Primeiro se observa o cenário em que está inserido, como concorrência, público, crescimento, pontos fracos, ameaças, pontos fortes e oportunidades. Depois se desenha um planejamento estratégico, com metas menores, objetivos maiores e ações que deverão ser tomadas para alcançá-los. Mas qual é o problema disso tudo na prática?
Perceba que toda estratégia é baseada em uma espécie de “futurologia”. Você está tentando prever o cenário, como estará o mercado, do que seu público gosta, como o cliente vai reagir, quem será a sua a concorrência e outros fatores. Só há uma coisa que podemos ter certeza nessa vida, principalmente no mundo dos negócios e no mercado: Nunca vai ser do jeito que você planejou! O mercado vai mudar, a cultura vai mudar, vai entrar um concorrente novo, pode surgir algo disruptivo… Enfim, muita coisa certamente vai mudar! O mercado e negócios são “organismos vivos” em constante mudança (e cada vez mais rápidas).
Como já disse Mike Tyson: “Todo mundo tem um plano até tomar um soco na cara”. Nesse momento (do soco) só lhe resta usar o que você tem ali na hora: cabeças pensantes, motivadas em torno de um objetivo maior e com grande capacidade de adaptação (sem perder a essências e os valores centrais). Isso é a cultura, é como você reage ao inesperado em qualquer situação.
Em um time que tem cultura, com valores iguais e ambição semelhante, vemos a magia acontecer: todos se ajudam e se adaptam. Independente do seu cargo específico e do cenário em que estão inseridos. E cada empresa é completamente diferente, mesmo que esteja em um mesmo segmento e por mais que você tente implantar a mesma cultura. Por que? Porque depende das pessoas que estão ali.
Então o grande lance é: não tente imitar cultura, mas tenha uma cultura própria forte e clara. Se a cultura está bem implantada, a equipe se virar e dar um jeito. A estratégia tem prazo de validade. Se você tem só estratégia e não tem cultura, cedo ou tarde sua estratégia vai para o saco e vai precisar mudar. Se você não cultura, a equipe vai se adaptando, vai entendendo o que é o novo cenário e já vai nadando contra o que foi. O famoso “trocar a roda com o carro andando”.
E a cultura não é só isso, é como um “ar” diferente que cada casa tem. Sabe quando você chega num estabelecimento e o atendimento é diferenciado? Cada restaurante tem um clima diferente por mais que tenha o mesmo tipo de comida isso é a cultura na empresa, ela tem um “ar” diferente.
É importante ter estratégia? Claro que sim! Mas empresas e times que têm cultura são muito mais fortes. Só estratégia não te dá diferencial competitivo, pois qualquer um faz. Basta pegar um final de semana, sentar a bunda na cadeira e fazer. Já a cultura é algo que você constrói ao longo de muitos anos e não é qualquer um que tem (inclusive a maioria das empresas não tem).
Então o que fazer primeiro? A estratégia vem da cultura ou a cultura vem da estratégia?
Seu primeiro passo desenhar uma estratégia, por ser algo mais “racional”. Com o tempo, conforme o cenário vai mudando, você vai mudando a estratégia (ou não). Dentro da sua estratégia você vai definir algumas coisas básicas, como valores, missão e visão. É muito importante tentar “bater nessas teclas” todos os dias e viver isso em todas as decisões. Não é apenas botar um quadro na parede dizendo que seu valor é ética, mas passar o fornecedor para trás. Obviamente aquilo será apenas um quadro na parede e as pessoas vão perceber que aquilo não tem valor real na prática.
A estratégia pode até ajudar a direcionar sua cultura se ela for bem vivida de verdade. A estratégia não vem da cultura, mas a cultura pode sim ser direcionada pela estratégia. Mas não confunda: a cultura não é uma estratégia. Você não consegue moldar a cultura 100%. O máximo que você consegue é querer uma cultura boa. Como que vai sair essa cultura lá na ponta, nós não sabemos e não temos total controle. O que vier no futuro fará você entender se foi o resultado que você esperava, melhor, pior, ou, talvez, simplesmente diferente.
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