Em meio a escalada da tensão entre EUA e China, gigantes chinesas que valem US$ 318 bi anunciam saída da Bolsa americana

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Sinopec, PetroChina e outras três estatais vão retirar suas ações negociadas no país, poucos dias após visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan

 

Operador na Bolsa de Nova York: grandes empresas chinesas estão sob forte escrutínio de reguladores americanos Spencer Platt/Getty Images/AFP

 

Cinco das maiores estatais chinesas anunciaram nesta sexta-feira que vão retirar suas ações das Bolsas americanas. Juntas, essas empresas têm US$ 318,5 bilhões em valor de mercado. São três gigantes do setor petroquímico (PetroChina, China Petroleum & Chemical Corporation, Sinopec Xangai Petrochemical), a Aluminum Corporation of China e a seguradora China Life Insurance.

Os anúncios ocorrem faltando mais dois anos para o fim do prazo que os EUA deram a empresas chinesas para aceitarem uma supervisão de autoridades regulatórias americanas. Para analistas, o fato de as cinco gigantes estatais terem divulgado em sequência a decisão de saírem de Wall Street tem forte componente político, já que houve uma escalada das tensões entre EUA e China após a visita da presidente da Câmara americana Nancy Pelosi a Taiwan.

Essas estatais têm ações listadas nos EUA há muitos anos. No caso da Sinopec, desde 1993. As demais começaram a negociar seus papéis nas Bolsas americanas no início dos anos 2000.

As empresas estrangeiras com ações e outros ativos negociados nos mercados americanos são supervisionados por reguladores dos EUA. Apenas China e Hong Kong não permitem acesso aos dados de suas empresas pela Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB). Após duas décadas de negociações frustradas, o Congresso americano deu um prazo para que as empresas chinesas aceitassem essa supervisão até 2024.

Diante do impasse, muitos analistas já previam que as empresas chinesas deixariam, voluntariamente, as Bolsas americanas.

– Essas estatais estão em setores estratégicos, com acesso a informações e dados que o governo chinês pode hesitar em ver compartilhados com reguladores estrangeiros – explica Redmond Wong, estrategista na Saxo Markets.

Em comunicado, o órgão regulador do mercado de capitais chinês afirmou que o anúncio de saída das empresas do mercado americano era devido a “preocupações com os negócios”.

Segundo estimativas da Bloomberg, cerca de 300 empresas da China e de Hong Kong, com valor de mercado estimado em US$ 2,4 trilhões, poderão ser obrigadas a sair dos EUA devido ao maior escrutínio dos reguladores americanos. A lista inclui as cinco estatais que decidiram deixar o país agora e outras gigantes, como a Alibaba, dona da AliExpress.

A decisão de deixar o mercado americano terá pouco impacto nos negócios dessas gigantes, já que o volume de ações negociados nos EUA é pequeno diante do tamanho dessas empresas, que são listadas também nas Bolsas chinesas. Mas o movimento é emblemático e mostra a escalada de tensões entre EUA e China, avalia Marvin Chen, estrategista da Bloomberg Intelligence.

O Congresso americano está discutindo uma nova legislação que poderá encurtar para 2023 o prazo final para que as empresas estrangeiras aceitem ser submetidas à regulação local, o que aumenta a pressão sobre as estatais chinesas.

 

Por Globo

 

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