Em empreendedorismo sempre aprendemos que precisamos resolver um problema, grande de preferência. Certo, isso é um primeiro passo. Contudo é preciso ser muito sincero com você mesmo, pois não adianta você resolver um problema se você não conseguir isso com as duas seguintes questões associadas:
- As pessoas estão dispostas a realmente pagar por isso?
- Além de pagar, as pessoas pagam mais do que o seu custo (e com uma margem de segurança)?
Apenas com uma “dor” forte de verdade as pessoas tiram dinheiro do bolso, ainda mais hoje que existem diversas opções até gratuitas. Além disso, é preciso analisar outros pontos, como: tamanho e demanda do mercado, setores econômicos e concorrência (vantagem competitiva), perfis (estilos de vida e hábitos), longevidade da oportunidade (telefone com fio por exemplo ainda existe, mas está em decadência), potencial de crescimento e outros.
OLHE PARA FRENTE: ENTENDA AS TENDÊNCIAS, MAS CUIDADO!
O mundo está mudando o tempo inteiro e cada vez mais rápido. Ciclos de negócios que antes duravam 20 anos, agora duram 3-5 anos. A pandemia acelerou ainda mais esse processo. O que aconteceu em 6 meses já estava começando a acontecer, só que ia demorar 2-3 anos para acontecer de fato. Home office, ligação online e streaming (Zoom, Skype, Streamyard, etc), e-commerces e marketplaces vendendo muito, telemedicina e outros exemplos. Perceba que nada é realmente uma grande novidade, são coisas que já existem há um bom tempo, mas agora acelerou muito.
Antigamente conseguíamos ter um planejamento para crescimento de negócio em 5 anos, hoje não dá. Você até pode ter uma visão de 5 anos, mas não se apegue a isso. Você vai precisar estar olhando para frente e mudando o tempo inteiro.
Qual o problema da tendência? Acertar uma tendência é como tiro ao alvo em movimento, ou seja, se você mirar onde o alvo está, vai errar. É preciso mirar mais a frente, em um “vazio” antes de o alvo chegar. Ele está em movimento, você precisa saber para onde ele está indo. Por outro lado, se você mirar muito a frente também vai errar (o mercado não estava pronto, seja por questões de maturidade cultural do público consumidor ou por questões de outros stakeholders importantes para fazer todo o processo funcionar bem).
Em negócios principalmente disruptivos, o timing é muito importante, a grande maioria chega atrasada ou adiantada. Também por isso é importante conhecer o mercado onde se está inserido. Diversas empresas de tecnologia, redes sociais, delivery, foram falindo porque a população não estava preparada para isso na época. Foram empresas que deram o tiro muito a frente do “prato” e não deu tempo da empresa começar a ser lucrativa até a cultura se adaptar. Por isso na maior parte das vezes a frase “quem chega primeiro bebe água limpa” não é verdade, estatisticamente. É mais fácil não tentar não ser o primeiro, mas sim seguir quem já está fazendo alguma coisa, pegar um mercado já “educado/adaptado” e fazer ajustes do seu jeito.
Quanto tempo o Uber levou em tempo de briga com taxis, e legislação? Criar cultura de pegar carona com alguém, viagem compartilhada? Muito dinheiro gasto em marketing, bilhões de dólares em prejuízo. Você tem caixa ou algum investidor enorme por trás para aguentar isso por muito tempo? A maioria não tem. O Uber tem muito dinheiro dos investidores. Como o Uber sabe que já desbravou o mercado inteiro e está usando uma tecnologia que não tem uma barreira competitiva tão grande, ele tenta dominar o mercado inteiro (share de mercado) e tentando eliminar todo mundo para não ter chance de alguém entrar. Ele sabe que novos entrantes vão pegar o mercado em que ele “cortou o mato alto” inteiro na frente. Por isso ele topa tomar prejuízo por muito tempo. É a filosofia do “vencedor leva tudo” (winner takes all).
ADAPTE DE OUTRO CONTEXTO/LOCAL
Olhe para o exterior, coisas que funcionam nos EUA, na Argentina, no Canadá, entre outros. Se não for possível visitar pessoalmente, use a internet e/ou converse com amigos que estão no exterior. Não tenha medo de que “roubem” sua ideia, pois o que interessa é a execução.
Em 1979 Pedro Grendene viajando pela Riviera Francesa decidiu mudar o foco de sua empresa, que fabricava telas para garrafões de vinho, e lançou as sandálias Melissa. Outro exemplo é a aviação de baixo custo (low cost) que já existia nos EUA desde 1971, mas só chegou ao Brasil com a fundação da GOL em 2001.
Logicamente, é muito importante considerar detalhes do Brasil e se adaptar, como cultura, geografia, poder aquisitivo, questões tributárias/burocráticas e outras. É muito comum empresas norte-americanas virem para o Brasil e fecharem as portas algum tempo depois, pois não conseguem entender nossa dinâmica complexa.
SEJA UM EXPERT DE VERDADE, “MEIA BOCA” NÃO TEM ESPAÇO MAIS
O que você prefere ser, um porco espinho ou um pato? A maioria das pessoas opta pelo pato, pois nada, voa e anda. Contudo quem se defende muito melhor na selva não é o pato, é o porco espinho, porque ele só tem uma habilidade que é se defender com seus espinhos. Ele faz aquilo muito bem feito e nem uma onça consegue pegar um porco espinho na maior parte das tentativas. Já o pato, anda mal, voa mal e nada mal.
Se você quer fazer tudo, começa a dar tiro para todo os lados, querendo ser bom em marketing, finanças, mercado de saúde, investimentos, tudo ao mesmo tempo, você acaba virando um pato. Para negócios você pode até querer entender de tudo um pouco, isso é importante inclusive, mas seja um porco espinho (expert) em alguma coisa específica, algum setor, nicho, produto ou habilidade. Você tem muito mais a ganhar e será muito mais competitivo.
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